Atendendo à sua rusticidade e tendo em conta o sistema de exploração e as condições edafoclimáticas da região pode-se considerar que a raça possui ótimas qualidades de adaptação . A raça é explorada para produção de carne, sendo que a a produção de leite fica totalmente. disponível para as crias. A longevidade produtiva é notável, segundo o registo zootécnico existe um número considerável de animais com idades superiores a 7 anos em produção. A raça revela uma capacidade razoável de crescimento relativamente aos pesos, que à nascença rondam os 3 kg e aos ganhos médios diários (quadro 2).
Quadro 2 - Caracteristicas de Crescimento
Caracteristica | Média ± Desvio Padrão |
---|---|
Peso médio ao Nascimento | 3.1±0.60 kg |
Peso aos 45 dias | 12.9±2.3 kg |
Peso aos 70 dias | 16.0±3.4kg |
Ganho médio diário 0-45 dias (extensivo) | 0.217±0.05kg |
Ganho médio diário 45-70 dias (extensivo) | 0.132 ± 0,08 kg |
Peso de abate tradicional | 6 a 20 kg |
Idade de abate tradicional | 1 a 4 meses |
Fonte: (Monteiro et al., 2005)
São animais com boa fertilidade, tendo em conta as condições extremas ao longo do ano. As fêmeas são de ciclo éstrico permanente. Não existe reprodução controlada, sendo apenas utilizado o método de cobrição natural. Os partos são distribuídos ao longo do ano, visto que o maneio reprodutivo é feito naturalmente. Os machos acompanham as fêmeas permanentemente. A primeira cobrição acontece geralmente entre os 7-11 meses de idade. A maior concentração de partos verifica-se nos finais de Outono e Primavera, onde a abundância de alimento é maior. Os índices reprodutivos apresentam-se no quadro 3.
Quadro 3 - Índices reprodutivos
Características | % |
---|---|
Fertilidade | 85 a 90 |
Fecundidade | 100 a 120 |
Prolificidade | 110 a 120 |
Produtividade | 90 a 110 |
Atualmente, a produção de carne é a principal fonte de rendimento das explorações.
No quadro 4 estão descritas as características das carcaças de cordeiros. A carne do cordeiro Mirandês é extremamente tenra e suculenta, características inerentes ao modo de produção e ao tipo de alimentação. Para garantir as qualidades organoléticas, os cordeiros são abatidos entre um mês e quatro meses de idade, com peso vivo compreendido, aproximadamente, entre os 8 e os 20kg.
Quadro 4 - Características da caraça
Características | % |
---|---|
Rendimento de Carcaça | 45 - 50 |
% Músculo de carcaça | 58 - 60 |
Relação Músculo/Osso | 2.2-2.3 |
Relação Músculo/Gordura |
3.8-4.8 |
As categorias do cordeiro Mirandês são diferenciadas em três grupos principais, em função do peso vivo e da idade do animal ao abate (quadro 5).
Quadro 5 - Pesos das carcaças de cordeiros
Características | A | B | C |
---|---|---|---|
Peso carcaça (kg) | 4 a 7 |
7.1 a 10 |
10.1 a 12 |
Peso vivo (kg) | 8.47 a 14.8 | 15 a 20.7 | 21 a 24.3 |
Idade em dias | 30 | 60 | 120 |
Fonte: Caderno de especificações do cordeiro mirandês ou canhono mirandes
Os cordeiros de leite (categoria A) têm uma valorização maior em relação aos animais de pasto (categoria B e C) fora da sua área de produção talvez devido à procura do mercado em relação a outras raças, no entanto a nível da sua área de produção valoriza-se mais um cordeiro de pasto que poderá atingir aproximadamente 12 kg de carcaça.
As crias escolhidas para animais de substituição do efetivo, geralmente são desmamadas tardiamente, acompanhando as mães na pastagem.
Os ovinos da raça Churra Galega Mirandesa sempre foram reconhecidos pela sua aptidão de lã desde o início dos tempos da sua exploração, produtores de um velo extenso com fibras de lã forte. No quadro 6 estão descritas as características dos velos e fibras lanares da lã dos ovinos da raça.
Quadro 6 - Características dos velos e das fibras lanares da lã churra galega mirandesa
Classificação Portuguesa | Churra |
---|---|
Peso do Velo |
Fêmeas - 2.2 a 2.4 kg |
Machos - 3.3 a 3.5 kg | |
Comprimento das fibras | 10 a 20 cm |
Diâmetro das fibras | 3.2 a 34μ |
Fonte: Monteiro et al.2005
Cortinhas, A., 2005. Caracterização do Efectivo Ovino da Raça Churra Galega Mirandesa, s.l.: Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro.
Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, 2007. Caderno de Especificações do Cordeiro Mirandês ou Canhono Mirandês - DOP, s.l.:s.n.
Direcção Geral de Alimentação e Veterinária, 2013. Raças Autóctones Portuguesas. Em: Lisboa: Direcção Geral de Alimentação e Veterinária, pp. 161 - 164.
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, 2018. INIAV. [Online]
Available at: http://www.iniav.pt/noticias/foi-homologado-o-plano-nacional-para-os-recursos-geneticos-animais
Monteiro, D. O., Mestre, R., Fontes, A. & Azevedo, J. T., 2005. A raça ovina Churra Galega Mirandesa - Projecto Douro/Duero. Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro ed. Vila Real: s.n.
Raposo, P., Azevedo, J., Silva, J. A. & Santos, V., 2015. Composição da carcaça e qualidade da carne do cordeiro Mirândes. Vila Real, s.n.